O trabalho como ação para a vida e não apenas como necessidade de emprego e renda.
Gaudêncio Frigotto
Doutor em Ciências Humanas (Educação), professor titular visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e professor titular associado ao Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense
Maria Ciavatta
Doutora em Ciências Humanas (Educação), professora titular associada ao Programa de Pós-graduação em Educação – Mestrado e Doutorado da Universidade Federal Fluminense, coordenadora do GT “Trabalho e Educação” (2002-2004) da Associação de Pesquisa e Pós-graduação em Educação (ANPEd)
Marise Ramos
Doutora em Ciências Humanas (Educação), professora adjunta da Faculdade de Educação da UERJ e professora do CEFET-Química, em exercício de cooperação técnica na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/FIOCRUZ)
Introdução
Um dos temas complexos e de difícil compreensão para aqueles que vivem da venda de sua força de trabalho, ou fazem parte dos milhões de desempregados, subempregados ou com trabalho precário, é, sem dúvida, o do trabalho como princípio educativo. Como pode ser educativo algo que é explorado e, na maior para das vezes, se dá em condições de não escolha? Como extrair positividade de um trabalho repetitivo, vigiado e mal remunerado?
Três outros aspectos acrescem-se a essa dificuldade já enunciada por Marx, quando ele analisa a positividade do trabalho enquanto criação e reprodução da vida humana, e negatividade enquanto trabalho alienado sob o capitalismo.
Primeiramente, o Brasil foi a última sociedade no continente a abolir a escravidão. Foram séculos de trabalho escravo, cujas marcas são ainda profundamente visíveis na sociedade. A mentalidade empresarial e das elites dominantes tem a marca cultural da relação escravocrata. O segundo aspecto é a visão moralizante do trabalho, trazida pela perspectiva de diferentes religiões. Trabalho como castigo, sofrimento e/