O texto ''O que é científico?'', de Rubem Alves, cita como exemplo a história de um jovem que era apaixonado pelo jogo de xadrez, e tem sua vida inteiramente moldada pelo seu fanatismo por esse jogo. O rapaz enxergava todo o mundo a sua volta sob a perspectiva do xadrez, e isso o tornou incapaz de se relacionar nas outras esferas da vida social. Em um dado momento, o autor compara o garoto a um ''computador de um disquete só'', pois a única linguagem que lhe interessava e por ele era compreendida era aquela presente no tabuleiro quadriculado. Em seguida, o raciocínio é concluído com a seguinte frase: ''Inteligência é isso: a capacidade de pular de um programa para o outro, de dançar muitas danças ao mesmo tempo''. Tendo em vista a definição de inteligência dada pelo autor, conclui-se que quem compreende as situações através de uma única e exclusiva dimensão se sujeita ao emburrecimento. Por fim, o autor compara o amante do xadrez com aqueles que tem a ciência como ideologia absoluta para a compreensão de todos aspectos do cotidiano: ambos limitam sua visão em função desse dogmatismo. Por sua vez, o texto de Wright Mills, trata dessa visão limitada justamente como o oposto do conceito de ‘’imaginação sociológica’’. O autor define esse conceito como ‘’a capacidade de passar de uma perspectiva para outra – da política para a psicológica; do exame de uma única família para a análise comparativa dos orçamentos nacionais do mundo; da escola teológica para a estrutura militar, de considerações de uma indústria petrolífera para os estudos da poesia contemporânea. É a capacidade de ir da mais impessoais e remotas transformações para as características mais íntimais do ser humano.’’ Logo, o jovem do primeiro texto, assim como aqueles fanáticos pelos conceitos da ciência, não são dotados de imaginação sociológica, pois essa permite a quem a possui analisar a realidade como resultado da influência de diferentes fatores determinantes tanto em questões públicas, como