O ser ético na contemporaneidade ou em tempos de neoliberalismo
“Egocêntrico, proprietário de si mesmo, voltado ao seu eu, eis o indivíduos burguês cujos desejos são ilimitados e para os quais a produção não cessa de criar novos desejos. Sua autonomia é sinônimo de satisfação das necessidades inesgotáveis e fugazes, o que supõe ter garantias de que o seu espaço não será invadido por outro indivíduo, entendendo-se por espaço a sua propriedade em todas as dimensões materiais (sua casa, seu corpo, seus objetos, seu carro, seu trabalho, etc..., uma vez que o mundo gira em torno do seu eu).
Na medida em que cada indivíduo se vê como proprietário de si mesmo, deve não somente satisfazer todas as suas necessidades (pois é para isso que ele é livre e autônomo), como, também, comportar-se de tal modo que sua autonomia não seja posta em risco. Daí a normatização de um acordo ético entre os indivíduos: a liberdade de um acaba onde começa a do outro”.
“Na sociedade contemporânea, o modelo de produção capitalista prioriza a liberdade individual e constrói uma ética de isolamento, não valorizando o espaço comum nem o comprometimento das pessoas com as questões coletivas e de ordem pública. É importante que a pessoa seja alienada e passe a tratar apenas das questões que lhe dizem respeito, como bem explica Barroco (2009, p.159) acerca do perfil do indivíduo atual, que se distancia do seu semelhante, para também separar a sua vida pessoal da vida pública, o que resulta em um viver alienado da parte social e política da sociedade, que também lhe pertence e é a sua própria vida”.
Compreendendo o homem como ser social...
Enquanto o animal se relaciona com a natureza a partir do instinto, o ser social passa a construir mediações – cada vez mais articuladas -, ampliando seu domínio sobre a natureza e sobre si mesmo. Desse modo, sem deixar de se relacionar com a natureza – pois precisa dela para se manter vivo – vai moldando sua natureza social.
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