O sentido do trabalho
Você consegue imaginar uma vida que não seja baseada nos consolos da ação, no sentido de realização, na esperança do reconhecimento e na experiência da contribuição? Trabalhar é necessário para reduzir a insignificância da existência humana. O que significa o trabalho para você?
Desde os tempos mais remotos, o trabalho teve o caráter de castigo. Na tradição católica, era tido como punição para os pecados. Por quase toda a história e pré-história, o trabalho era considerado uma indignidade. Por outro lado, os poderosos – reis, rainhas e imperadores – enalteciam o ócio que era considerado uma virtude, um prêmio, sinal de força e manifestação do prazer. Para os antigos, o trabalho infinito era a marca de um escravo.
De fato, quando o poderoso desejava fazer alguma coisa mais produtiva, em razão da indignação ou pressão popular, ele apelava para o nec otio, ou seja, ele negociava (negava o ócio), interrompia o ócio, mas não trabalhava, o que, na verdade, dava na mesma. Hoje em dia, nada é mais estranho ao mundo ocidental voltado exclusivamente para o trabalho do que o ócio. Se conseguirmos descansar nos fins-de-semana, é apenas para recarregar as energias e voltar ao trabalho.
Entre os cristãos, apenas os protestantes, influenciados por Martinho Lutero, imaginaram o trabalho como o caminho religioso para a salvação, portanto, era visto como virtude. Os gregos buscavam a salvação na filosofia, os indianos na meditação, os chineses na poesia e no amor à natureza. Algumas tribos africanas - como os pigmeus, por exemplo, hoje quase extintos - trabalham apenas para atender às necessidades do dia-a-dia e passam a maior parte da vida na absoluta ociosidade.
Nas palavras de John Gray, filósofo inglês, o progresso condena o ócio e o trabalho necessário para liberar a humanidade é vasto. Na verdade, o ser humano está condenado ao trabalho, eternamente, considerando que o progresso não tem fim e a tecnologia escraviza mais do que liberta. Para