o que e filosofia

1452 palavras 6 páginas
Imaginemos, portanto, alguém que tomasse a decisão de não aceitar as opiniões estabelecidas e começasse a fazer perguntas que os outros julgam estranhas e inesperadas. Em vez de "Que horas são?" ou “Que dia é hoje?", perguntasse: "O que é o tempo?". Em vez de dizer “Está sonhando" ou “Ficou maluca", quisesse saber: "O que é o sonho, a loucura, a razão?".
Suponhamos que essa pessoa fosse substituindo suas afirmações por perguntas e em vez de dizer “Onde há fumaça, há fogo" ou “Não saia na chuva para não ficar resfriado”, perguntasse “O que é causa?", "O que é efeito?"; ou se, em lugar de dizer “Seja objetivo” ou "Eles são muito subjetivos", perguntasse "O que é a objetividade?", "O que é a subjetividade?"; e, ainda, se em vez de afirmar "Esta casa é mais bonita do que a outra", perguntasse "O que é 'mais'?", "O que é ‘menos'?", "O que é o belo?".
E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque esse alguém possui as mesmas ideias que ela, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: "O que é um valor?", "O que é um valor moral?", "O que é um valor artístico?", "O que é a moral?", "O que é a vontade?", "O que é a liberdade?".
Alguém que tomasse essa decisão estaria se distanciando da vida cotidiana e de si mesmo, pois estaria indagando o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência.
Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a cumprir o que dizia o oráculo de Delfos: "Conhece-te a ti mesmo". E estaria passando a adotar a atitude filosófica.
Assim, uma primeira resposta à pergunta "O que é filosofia?" poderia ser: "A decisão de não aceitar como naturais, óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes

Relacionados