O que será?
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que anda nas cabeças anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
E gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza nem nunca terá
O que não tem conserto nem nunca terá
O que não tem tamanho...
O que será, que será?
Que vive nas idéias desses amantes
Que cantam os poetas mais delirantes
Que juram os profetas embriagados
Que está na romaria dos mutilados
Que está na fantasia dos infelizes
Que está no dia a dia das meretrizes
No plano dos bandidos dos desvalidos
Em todos os sentidos...Será, que será?
O que não tem decência nem nunca terá
O que não tem censura nem nunca terá
O que não faz sentido...O que será, que será?
Que todos os avisos não vão evitar
Por que todos os risos vão desafiar
Por que todos os sinos irão repicar
Por que todos os hinos irão consagrar
E todos os meninos vão desembestar
E todos os destinos irão se encontrar
E mesmo o Padre Eterno que nunca foi lá
Olhando aquele inferno vai abençoar
O que não tem governo nem nunca terá
O que não tem vergonha nem nunca terá
O que não tem juízo...(2x)
Segundo Chico Buarque, embora tenha visto copião em várias ocasiões, sua maior inspiração para compôr foi fotografias de Cuba que o jornalista Fernando Morais havia lhe mostrado, embora garanta que as três letras não tenham a ver com o país.
O dueto com Milton Nascimento foi casual. Após ouvir ao acaso Francis Hime tocar a canção ao piano, nos estúdios da gravadora, o cantor mineiro gostou e sugeriu que fosse cantada em duo. Chico Buarque e Francis Hime gostaram da ideia e finalizaram os arranjos já considerando a voz de Milton Nascimento. "O que será? (À flor da terra)" foi lançada no álbum "Meus Caros Amigos", de Chico Buarque, enquanto "O que será? (À flor da pele)" saiu no álbum Geraes, de Milton