O projeto guri e a doutrina do ethos
• Relacionar o Projeto Guri com a Doutrina do Ethos e a importância da educação no pensamento de Platão.
É evidente a relação entre o texto Música para matar o tempo: intervalo, suspensão e imersão, de Rose Satiko e a Doutrina do Ethos, de Platão e Aristóteles. Ambos destacam o quanto a atividade musical pode contribuir em vários aspectos para educação do indivíduo.
Segundo a filosofia platônica, a educação tem como principal finalidade o desenvolvimento da moral do homem. Na Doutrina do Ethos, desenvolvida por Platão juntamente com seu discípulo Aristóteles, são analisados os efeitos morais gerados pela educação musical e sua importância como agente transformador de caráter na sociedade. Por ser regida pelas mesmas leis matemáticas da natureza e do universo, a música tem o poder de agir sobre o universo e, consequentemente, sobre as pessoas. A partir dessa ideia surgiu a doutrina da imitação, dizendo que “a música imita diretamente os estados ou paixões da alma” (Aristóteles), portanto deveríamos escutar música boa para nos tornarmos pessoas boas, ao passo que se ouvirmos músicas ruins tornaríamos pessoas más. Vale ressaltar que a ideia de o que é música na antiga Grécia é mais abrangente do que a atual: envolvia a produção sonora, a poesia e aspectos da religião grega.
Satiko relaciona a mitologia à música dizendo que ambas tem a função de “matar o tempo” e ambas também possuem duas dimensões temporais. Os mitos possuem a língua como dimensão do tempo reversível e a fala como dimensão do tempo irreversível. A música, por sua vez, possui dimensões horizontal e vertical (melodia e harmonia), sendo portanto reversível em sua estrutura, mas irreversível na interpretação, pois cada execução é única. Segundo o texto, a interação entre música e natureza amplifica a experiência musical do ser humano, já que age sobre o corporal e o cultural simultaneamente. A relação entre o ritmo musical e o corporal