O processo de industrialização na França e na Inglaterra no séc XIX
Enquanto Michelle Perrot trata da disciplina industrial na França, Eric Hobsbawn foca seus estudos no movimento trabalhista inglês. Para a historiadora, há uma pobreza presente na historiografia francesa, se comparada com a riqueza dos trabalhos britânicos.
A coexistência de tecnologias e de graus desiguais de desenvolvimento é uma das questões abordadas no texto de Perrot, em relação à Inglaterra. A visibilidade e vigilância são os assuntos que norteiam todo o texto, com ideias que se assemelham aos moldes de uma prisão.
Com a origem no campo, a mão-de-obra francesa pôde ser estabelececida, ainda com os laços de uma agricultura preponderante.Em contrapartida, Hobsbawn analisa a Inglaterra na ótica das cidades e a criação das fábricas nelas, principalmente em Londres.
O paternalismo era a base do emprego francês, os fabricantes buscavam a integração de toda a família, com a expectativa de garantir a fidelidade a partir desse espírito de "casa". Os pais eram os responsáveis pelo controle da assiduidade dos filho e contribuíam para a adesão operária. Em contrapartida, as relações humanas nas fábricas inglesas eram traçadas sob uma hierarquia específica, como os "artesãos" e a "mão- de- obra comum", denominada de aristocracia do trabalho, por Hobsbawn.
Além do papel dos engenheiros e da arquitetura industrial, outras duas peculiaridades francesas foram: as fábricas instaladas em conventos reutilizados após a Revolução de 1789 e a dificuldade até mesmo atual, em adentrar os locais de produção nesse país.
Os regulamentos foram expressões recorrentes na França, pressupondo a idealização apenas patronal, incitaram a participação dos operários nos jornais, em colunas como a "tribuna dos abusos". Já na Inglaterra, o que tomou maiores dimensões foi o movimento conhecido como cartismo, com a capacidade de mobilizar uma grande parcela da população.