O ORVALHO
Perspectiva Bíblico-Teológica
No primeiro número de Fides Reformata apresentei um artigo sobre a necessidade da pregação do Antigo Testamento. [1] Essa apresentação se deu como fruto da constatação de que se prega muito pouco o Antigo Testamento em nossas igrejas, e que, quando se prega, com raras exceções, usa-se o texto como um pretexto. No artigo defendi a necessidade de uma abordagem mais eficiente da teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos como uma só disciplina que não deve ser quebrada em diversas subdisciplinas autônomas. Esta teologia deve refletir o caráter da unidade bíblica.
No presente artigo gostaria de expor de forma técnica, porém acessível, o texto do Salmo 133, bastante conhecido pelo povo evangélico na sua forma, porém, com um significado um pouco obscurecido por duas razões: a distância sócio-cultural que nos separa do Antigo Testamento e o desconhecimento do próprio Antigo Testamento com relação à teologia bíblica. Este artigo, portanto, se propõe a ser uma aplicação prática do primeiro artigo, um exercício hermenêutico em um texto que, numa primeira leitura, superficial, parece ser de simples interpretação, mas que, no entanto, trouxe dificuldades a intérpretes do passado.
Ainda mais, este texto traz uma mensagem muito relevante para o povo de Deus no momento atual, quando interpretado dentro do contexto bíblico-teológico adequado. É parte da pressuposição deste autor que o texto do Salmo 133 (assim como toda a Escritura) faz parte da revelação progressiva de Deus na história. A interpretação e suas implicações contribuem com a teologia bíblica, e esta, por sua vez, é refletida no texto. Portanto, perguntamos ao interpretar o texto em que ele contribui para a teologia bíblica como um todo, e como ele reflete esta teologia. Ainda mais, é parte de nossa pressuposição que estas relações do texto com a teologia podem ser percebidas através da interpretação e aplicação do texto sem forçar ou