O norte apagado: o silenciamento do caboclo na amazônia.
DO SILENCIAMENTO DO INDÍGENA E DO CABOCLO DA AMAZÔNIA
BRASILEIRA1
Luiz Carlos MARTINS2 (UFAM)
Resumo
Esta reflexão trata da relação discursiva entre identidade indígena e identidade nacional, observando-se como, de um lado os sujeitos amazônidas e de outro, sujeitos de outros lugares do Brasil, reproduzem as concepções identitárias dominantes; e como, nessa reprodução, podem produzir equívocos que conduziriam a transformações. Tomando como base norteadora a metodologia da Análise de
Discurso, estuda-se o deslocamento de sentidos nos discursos dos representantes da civilização ocidental e nos discursos de amazônidas, pensando-se a forma-sujeito índio e algumas de suas determinações históricas e ideológicas na sua relação com o simbólico. Procuro, assim, avaliar quais os fenômenos que rodeiam e as contradições que determinam a reprodução, o confronto e deslocamento de sentido sobre a constituição imaginária da identidade nacional na sua relação com o indígena e o caboclo, tanto no domínio da palavra, como no domínio da imagem.
Palavras-chave: discurso, identidade amazônica e subjetividade.
A manifestação do que seja identidade nacional para todo o Brasil é desigual; e desiguais são as políticas e os investimentos públicos nos mais variados setores e lugares, desde o local e nacional ao intra e inter-regional.
Pode-se considerar a linguagem como base que sustenta os tantos fatores que estruturam essa desigualdade, já que é pela produção simbólica que se materializará – e fará sentido - o favorecimento de uns em detrimento de outros. As análises sociais, econômicas, ambientais, políticas, culturais, tecnológicas, históricas e a busca pela eqüidade, em diferentes escalas, são comprometidas e prejudicadas, por assim dizer, através dos processos discursivos que as constituem. Essa é uma relevante noção na teoria discursiva francesa. “Entendido como o resultado da ação regulada de