O nascimento de uma empresa
No aeroporto de Brasília, a fi la se esticava na pista, subia pela escada de passageiros, entrava pela porta da frente do avião, atravessava o aparelho e saía pela porta de trás.
Cerca de 500 vernissage. Na frente do cortejo ia Dom Jose Freire Falcão, cardeal-arcebispo de Brasília, abençoando a tudo, seguido pelo sorridente empresário Constantino de
Oliveira - o Nenê - dono do Grupo Áurea, do avião e da festa. Do lado, sua elegante esposa,
Áurea Caixeta, cujo nome inspira a saga empreendedora do marido.
Seu Nenê estava radiante. Com 69 anos, 1,93 metro, 82 quilos de magreza, camisa branca invariavelmente abotoada no colarinho, cabelo e bigode negros, o dono da maior frota de ônibus da America Latina e da Gol Transportes Aéreos parecia um mariachi mexicano. Ao pé da escada, agradecia os cumprimentos com um sonoro “Amém!” e explicava: “Estou há 52 anos no transporte de passageiros. Foi Deus quem me ajudou a chegar, com toda a humildade, ao avião”.
Muita gente subestima a entrada do “rei da catraca” no mundo glamoroso da aviação.
Mas além do colchão de liquidez de 1 bilhão de reais por ano, faturado com a venda diária de passagens dos 6000 ônibus de suas 37 empresas, seu Nenê nada tem de criança. “Falei para o Junior: vamos fazer uma companhia só com aviões novos, pois de velho já chega o seu pai”, dizia debaixo do seu Boeing 737 -700. Seu Nenê esperou a idéia amadurecer mineiramente, durante trinta anos, até chegar a hora. “Em 1970, eu comprei um jatinho
Sky Lane e passei a prestar atenção na aviação. Hoje, eu posso dizer que entendo de avião.
A Gol vai oferecer a tarifa mais baixa do mercado. Vamos evitar entrar no vermelho. E vamos fi car com preços a altura do povo brasileiro”, afi rma.
Nenê criou a primeira companhia aérea regular do Brasil inspirada no modelo low cost, low fare
(custo baixo, preço baixo), consagrado pelas empresas como as