O Narrador. BENJAMIN, Walter. Resenha

Resenha: O Narrador
BENJAMIN, W. O Narrador. Considerações acerca da obra de Nicolau Lescov

Observações acerca da obra de Nicolau Lescov
Segundo Benjamin, o narrador e suas narrativas estão cada dia mais escassos nos dias atuais, porque é cada vez mais difícil encontrar alguém verdadeiramente apto a narrar um evento ou uma história qualquer sem hesitação ou embaraço. O que parecia algo natural e espontâneo, transformou-se em coisa sofrível. O autor atribui essa perda do poder narrativo ao próprio empobrecimento das experiências vividas. “[...] Não se percebeu, ao final da guerra, que os indivíduos voltavam emudecidos? Não mais ricos e sim mais pobres em experiências que pudessem comunicar? E o que dez anos mais tarde entrou na enxurrada dos livros sobre a guerra, nada tinha em comum com aquela experiência real, transmitida oralmente.” A guerra fez com que os combatentes ficassem mais pobres em experiência comunicável.
A experiência propagada oralmente é a fonte que todo narrador aspira. Um ditado alemão atesta que: “quem viaja tem muito a contar”. Porém não há de se desprezar os narradores do tipo arcaicos, suas narrativas são as melhores, tanto dos que vivem sem sair do seu lugar e conhecem bem a tradição, figura do agricultor sedentário, quanto dos marinheiros comerciantes que vieram de longe, todos foram antigos mestres na arte de narrar.
Ao falar sobre o narrador e seu ofício, o autor nos lembra a importância da sabedoria e como esse conceito está desaparecendo em consequência da extinção da arte de narrar: “ A arte de narrar está definhando porque a sabedoria – o lado épico da verdade – está em extinção”. Benjamin destaca que a evolução do romance e da informação, culminará na morte da narrativa.
O que separa o romance da narrativa é que ele está essencialmente vinculado ao livro. A difusão do romance só se torna possível com a invenção da imprensa. A tradição oral, patrimônio da poesia épica tem uma natureza fundamentalmente distinta da que