O meio ambiente em debate
Maria do Perpetuo Socorro Chav*; José Fernandes Barros** Nídia Noemi Fabré***
1. Introdução As mudanças estruturais ocorridas na Amazônia, a partir do final da década de 60, provocaram transformações significativas nas redes de relações e nas formas de organização política das populações tradicionais, frente à lógica instaurada pelo modelo desenvolvimentista do capitalismo industrial.
As condições favoráveis da região, enquanto área estratégica para controle geopolítico e depositária de uma biodiversidade e sociodiversidade inestimáveis, provocaram, ou pelo menos contribuíram significativamente, para o deslocamento de capitais para a região. Os modelos de desenvolvimento adotados na região, embora tenham variado desde o processo de colonização, geraram impactos danosos às populações tradicionais da Amazônia, criando sérias dificuldades para a continuidade de seus modelos históricos de adaptação ao ambiente ecológico, priorizaram a ocupação da região, via programas desenvolvimentistas (Grandes Projetos), cujos interesses voltavam-se principalmente para o controle geopolítico.
Esses processos de ocupação e de desenvolvimento impostos, via ação política de agências governamentais como a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), Superintendência de Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), dentre outros, deixaram marcas deletérias sobre o espaço e os povos amazônicos, cujos impactos puderam ser notados nos ecossistemas regionais, nas formas de ocupação da região e na organização sociocultural das populações amazônicas.
Os planos desenvolvimentistas, que preconizavam a integração da região aos marcos do capital, trouxeram consigo levas de migrantes, vítimas da
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expropriação no Nordeste, em busca de terra para garantir a sobrevivência como pequeno produtor. Este processo de ocupação culminou em conflitos e tensões,