O LITORAL BRASILEIRO
“Entre o efetivamente terrestre e o tipicamente marinho ocorrem múltiplos hidroecossistemas em lagunas, canais, estuários, largos e gamboas.” (Ab’Saber, 2005)
O Brasil possui o maior extenso litoral intertropical do mundo, incorporando o maior conjunto de praias arenosas. Detentor de complexa dinâmica e variedade de ecossistemas e de ocorrências geomorfológicas e paisagísticas (Quadro 1).
Compreender e estudar a geografia desta extensa linha de costa se torna um desafio e ao mesmo tempo uma tarefa estimulante, mas que durante muitos anos resumia-se a discursos desarticulados da realidade regional ou setorial. Havia algumas publicações de cientistas especializados em geomorfologia que tentavam entender a linha de costa segundo aparências relativas: de submersão, de emersão, tectônicas e complexas. Pouco se conhecia sobre os grandes recuos e avanços do mar. Após a fundação das escolas de geologia, na década de 1950, foi possível realizar estudos com maiores detalhes, especialmente aos destinados ao projeto Radam. Associado a isto, o avanço tecnológico possibilitou o estudo integrado por meio da fotografia aérea, seguidas das imagens multiespectrais de satélites, encorpando a bibliografia sobre a costa brasileira.
Tornou, então, mais precisa, detalhada e multidisciplinar a divisão dos principais setores do extenso litoral brasileiro, que antemão limitava-se à orientação geográfica direcional (norte, leste, sul e oeste). Agora, segundo Guerra (2001), define-se a partir da interação entre processos tectônicos, geomorfológicos, climáticos e oceanográficos.
1.1 Litoral Norte – Cabo Orange (AP) à Ponta dos Mangues Secos (MA)
Caracterizada por uma larga plataforma continental, recoberta por grande aporte de sedimentos fluviomarinhos, provenientes da descarga do Rio Amazonas. Predominantemente formado por vegetação de mangue nas áreas de influência marítima, com maior destaque às reentrâncias Pará-Maranhão, cuja área de manguezal