O Liberalismo de Joaquim Manuel de Macedo
As vítimas algozes é marcado por um forte tom opositor a escravidão. Este é o tema central da obra; denunciar os malefícios da escravidão para a nação brasileira. Macedo se utiliza de argumentos bastante convincentes que servem para ilustrar um suposto cotidiano das relações entre escravos e senhores que, à seus olhos, são relações conturbadas e degradantes para os senhores, representantes da moral e dos bons costumes da sociedade brasileira. Descrevendo cenas que ele denuncia como quotidianas, Macedo procura utilizar-se de um medo que ele acredita ser muito evidente entre os senhores de escravos. Muitas vezes no texto ele dirigi-se diretamente ao leitor, os proprietários de escravos, de maneira como se esse leitor soubesse nitidamente aquilo que o autor denuncia. Isso pode ser notado já no primeiro parágrafo do prefácio quando diz que : “Queremos agora contar-vos em alguns romances histórias verdadeiras que todos voz já sabeis”. De fato esse será o principal recurso utilizado pelo autor para convencer os interlocutores de seus contos-novelas de que escravidão é um mal que deve ser abolido. É nesta espécie de “realidade histórica”, de experiência vivida, em que Macedo atesta, denuncia e constrói sua base argumentativa.
Porém outros recursos, em menor grau, também são utilizados pelo autor. Podemos perceber em seu texto uma tendência política da época da qual Joaquim Manuel Macedo faz parte. Uma tendência liberal conservadora.
Para entender a posição de Macedo é necessário discutir, de forma bastante superficial, a história do pensamento liberal no Brasil no século XIX.
No inicio deste século começam a despontar a integração dos discursos liberalistas à realidade política brasileira. Este proto liberalismo apesar de todas as divergências entre aqueles que incorporavam seu discurso convergiam em um ponto: libertar o país do jugo colonial. De fato, como atesta Emilia Viotti da Costa, em épocas de intensa