O largo da palma
As narrativas presentes em "O Largo da Palma" têm como ponto referencial este famoso espaço urbano de Salvador, o Largo da Palma. As primeiras quatro nove lassão permeados pelo cheiro dos pãezinhos de queijo que são vendidos em uma venda próxima à Igreja da Palma. A igreja, o Mercado Modelo, o Jardim de Nazaré e outras referências espaciais são usadas para construir um mapa de uma cidade quase onírica.
O que vemos nas novelas desse livro é um cenário onde a classe média-baixa, os velhos, mendigos, imigrantes e a província empobrecida ganham foco. Porém, apesar desse cenário onde o que se tem destaque é a pobreza material do povo que ali vive, constrói-se através de uma linguagem lírica um ar esperançoso para as angústias de quem ali vive.
Outra característica dos contos presentes na obra é uma certa humanização do Largo da Palma, como por exemplo a igreja que era “humilde e enrugadinha” e que testemunhava tudo o que ali acontecia com sua “curiosidade de velha muito velha”; ou então as “ruas pequenas e estreitas tentam se ocultar como envergonhadas”.
Dessa forma, cria-se um lugar quase mítico, que não fica alheio aos problemas das pessoas que vivem ali, mas, pelo contrário, torna-se parte ativa na vida das pessoas dali, sofrendo, sentindo, amando.
Do ponto de vista formal, com exceção de “Um corpo sem nome” que é narrado em primeira pessoa, todos os outros contos são em terceira pessoa e o narrador é onisciente, ou seja, tem acesso aos pensamentos e sentimentos das personagens. Em todos os contos têm-se a predominância do discurso indireto livre, com raros momentos de diálogo em discurso direto.
A referência temporal é dada por referências históricas e descrições do próprio local: a “velha igreja”, o chão sem calçamento coberto de grama (em “Os enforcados”) ou mesmo pelo cheiro dos pãezinhos de queijo que faz o leitor deduzir que as narrativas ali ´{contadas se dão em um mesmo período. Em diversos contos faz-se o