o jornal
Percurso cénico: Cais→barca do inferno→barca da glória→barca do inferno(embarque)
Símbolos cénicos e seu simbolismo: Os símbolos cénicos da alcoviteira são: seiscentos virgos postiços, três arcas de feitiços, três almários de mentir, cinco cofres de enleos, alguns furtos alheos, jóias de vestir, guarda-roupa d’encobrir, casa movediça um estrato de cortiça com dous coxins d’encobrir e as moças que vendia . Estes símbolos cénicos representam a sua actividade ligada à prostituição e o seu carácter manhoso, enganador. Representam ainda os roubos que fazia.
Caracterização directa e indirecta da personagem-tipo: A caracterização da Alcoviteira é sobretudo indirecta. Brísida era mentirosa (“três almários de mentir”), mexeriqueira(“cinco cofres de enleos”), ladra(“alguns frutos alheos”), cínica(“trago eu muita bofé”), convencida(“e eu vou pera o paraíso”),enganadora(“barqueiro mano meus olhos”). a Alcoviteira, é uma personagem totalmente caracterizada por si própria, já que nem o Diabo, nem o Anjo fazem qualquer afirmação sobre ela. De facto, ela fala tanto sobre a sua atividade que não é necessário lembrar-lhe os pecados que cometeu. Ao Diabo ela descreve o que traz consigo e, na enumeração dos símbolos cénicos, ela revela claramente que se dedicava a atividades ligadas à prostituição, à angariação de raparigas e até à prática de alguma feitiçaria, provavelmente relacionada com os amores. Ao Anjo ela revela que os membros do clero se contavam entre os seus clientes. Para além desta caracterização direta, é fácil analisar o comportamento e as palavras de Brízida Vaz em cena e fazer uma caracterização indireta que confirma completamente a primeira. Assim, quando descreve os objetos que transporta, utiliza tantas palavras do campo semântico da mentira, que ficamos imediatamente a saber que enganar os outros era a sua profissão, o que é confirmado ainda pela forma hipócrita como se dirige ao Anjo para conseguir que ele a deixe entrar na barca do Paraíso.