O "italiano" dos olhos verdes
Ela chegou sorridente. Ele mais ainda. A menina de cabelos pretos, magra, com um andar autoritário e uma simpatia esbanjadora encostou-se a ele que estava na parede, olhando pro nada, com seus olhos verdes e seus cachinhos, combinando com a altura perfeita que ele tinha. Os dois se cumprimentaram pela primeira vez. Ela ficou totalmente derretida com sua beleza (talvez ele também tenha se derretido, e demonstrou isso só mais tarde). Era uma festa de despedida de um grande amigo. Entre choros e mais choros, fotos e promessas, ele surgiu perto dela e trouxe junto várias piadas e risadas, tentando amenizar o clima de despedida. Seus amigos adoraram aquilo, principalmente a forma que um entrou na sintonia de diversão do outro. Após um tempo de conversa jogada fora no meio da roda, um garoto que fizera parte do passado dela, observava agora os dois se conhecendo. De longe, o olhar dele trazia dúvidas e sentimentos. Talvez ele só quisesse se reaproximar, ou talvez, quisesse que o outro não se aproximasse. Mas já era tarde. Ele, o dos olhos verdes, puxou a mão da menina sorridente e, na frente de todos os seus amigos, a chamou para ir embora para Itália (onde o amigo da despedida estava indo), com um sotaque de italiano que ele aprendera na hora. Ela ficou abismada e só sabia dar risada da situação, enquanto ouvia gritos e palmas da galera que observava tudo bem de perto. Então, há momentos em que se esquece de tudo ao redor, e o foco é apenas um. Eis que surgiu esse momento. Ele pediu um abraço pra ela e, novamente, a convidou para viajar, novamente com o sotaque improvisado. Ela simplesmente o abraçou e, quando percebeu, seus lábios estavam entregues aos lábios dele. Os amigos em voltam pareciam vibrar de alegria. Fim de festa, hora de ir embora. Ela preste a entrar no carro, quando escuta um grito vindo do portão da casa: “Beijooos amore mio”. O português misturado com o italiano dele fez todos soltarem mais risadas. E