O Imperador: um panorama geral
PARTIR DA OBRA ASTRONÔMICAS, DE MARCO MANÍLIO
(SÉCULO I D.C.)
Rodrigo Santos Monteiro Oliveira1
1 - O Imperador: um panorama geral
Temos que entender primeiramente quem era o Imperador (ou seja, qual era seu papel), antes de discorrermos sobre as maneiras e mecanismos que este utilizava para se legitimar e governar. Como aponta Louise Revell (2009,
p.80), o Imperador seria uma abstração, pois representava mais que um indivíduo que exercia tal magistratura: “a habilidade de indivíduos específicos pode ser desafiada, mas não a figura do Imperador como detentor da autoridade política”. Sendo assim, o Imperador era aquele que, além de possuir magistraturas, desempenhava um papel de autoridade, quer dizer, um status superior verificado em um plano ideológico e não somente prático e legal. O poder que exercia se mantinha e se legitimava a partir das magistraturas que agregava ou negava, assim como fez Otávio. A repetição com que ganhava tais cargos mostrava a autoridade e o controle que cada Imperador possuía.
Temos que nos atentar ao fato de que nem todos os Imperadores possuíam os mesmos cargos e se destacavam da mesma forma. Vide o exemplo de Otávio Augusto e de Tibério: ambos se utilizaram de mecanismos similares para atingir seus objetivos perante o Senado e o povo de Roma, porém, enquanto Augusto foi tido como humilde e legitimamente possuidor da honra necessária para governar, Tibério foi tachado como exemplo de falsa modéstia e um líder ruim, de acordo com Suetônio em “A Vida dos Doze
Césares”.
Porém, voltando à discussão sobre a figura do Imperador, são inúmeras as hipóteses que nos são apresentadas e generalizações construídas. Uma dessas é a apresentado por Paul Veyne (2009). Em seu livro, O Império Greco-
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Mestrando do Programa de Pós Graduação da Faculdade de História, na Universidade
Federal de Goiás. E-mail: rodrigo.sm.oliveira@gmail.com
Romano, o autor elege,