O IDEAL DO CR TICO LITER RIO
A crítica fecunda estabelece a crítica pensadora, sincera, perseverante, elevada – meio de reerguer os ânimos, promover estímulos, guiar os estreantes, corrigir os talentos feitos; condenai o ódio, a camaradagem e a indiferença. Sinceridade, solicitude a justiça. O julgamento de uma obra, cumpre-lhe meditar profundamente sobre ela, procurar-lhe o sentido íntimo, aplicar-lhe as leis poéticas, ver enfim até que ponto a imaginação e a verdade conferenciaram para aquela produção. Crítica é análise – acrítica que não analisa é a mais cômoda, mas não pode pretender a ser fecunda. Não basta uma leitura superficial dos autores, nem a simples reprodução das impressões de um momento; pode-se, é verdade, fascinar o público, mediante uma fraseologia que se emprega sempre para louvar ou deprimir; mas no ânimo daqueles para quem uma frase nada vale, desde que não traz uma ideia. A ciência e a consciência, eis as duas condições principais para exercer a crítica. Procure reproduzir unicamente os juízos da sua consciência. Ser sincero. Não lhe é dado defender nem os seus interesses pessoais, nem os alheios, mas somente a sua convicção, e a sua convicção, deve formar-se tão pura e tão alta, que não sofra a ação das circunstâncias externas. Somente no que respeita à satisfação íntima de dizer a verdade. A coerência é uma dessas condições, e só pode praticá-la p crítico verdadeiramente consciencioso. Sem uma coerência perfeita, as suas sentenças perdem todo o vislumbre, e abatendo-se á condição de ventoinha, movida ao sôpro de todos os interesses e de todos os caprichos, o crítico fica sendo unicamente o oráculo dos seus inconscientes aduladores. O crítico deve ser independente, independente da vaidade dos autores e da vaidade própria. Deve ser independente das sugestões do orgulho, e das imposições do amor-próprio. Deve ser uma luta constante contra todas essas dependências pessoais. Deve ser imparcial. Não