O Humanismo E A Linguagem Pol Tica Do Renascimento
O HUMANISMO E A LINGUAGEM POLÍTICA DO
RENASCIMENTO: o uso das Pratiche como fonte para o estudo da formação do pensamento político moderno
Newton Bignotto*
Faz parte do ofício dos historiadores o recurso a fontes documentais de toda natureza. Não ocorreria a um estudioso sério de um determinado período histórico recusar, por exemplo, a importância de documentos conservados em arquivos, ou mesmo de cartas pessoais, que se referem a seu tema. Essa afirmação, banal para os historiadores, não encontra acolhida tão favorável, quando se trata de estudos filosóficos, mesmo entre os historiadores da filosofia. De uma maneira geral, ao se referir às fontes primárias de sua pesquisa, um filósofo profissional está apontando para o conjunto de textos que o guiam e que devem ser secundados pelo recurso às fontes secundárias, o que, na maior parte das vezes, diz respeito aos muitos comentários existentes sobre um determinado autor ou tema. O recurso a exemplos, ou mesmo a fatos históricos, para auxiliar na demonstração de uma hipótese é algo frequente, mas rara-
* Doutor em Filosofia. Professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Pesquisador do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Av. Antônio Carlos, 6627. Pampulha. Cep: 31270-901 Belo Horizonte, MG - Brasil. nbignotto@uol.com.br
mente escapa do uso instrumental reservado às ferramentas auxiliares da argumentação. Esse é o caso, por exemplo, de lógicos, que inventam situações para facilitar a compreensão do problema que estão tratando, sem, com isso, alterar o percurso de suas demonstrações. Esse procedimento influencia, nos dias de hoje, várias correntes filosóficas e mesmo outros saberes, como é o caso da economia, que fez da teoria dos jogos um instrumento importante de suas investigações. No tocante à filosofia política, o recurso a exemplos históricos é frequente, mas nem sempre fica claro o estatuto epistemológico dos fatos lembrados pelos autores.
Com frequência,