O homem e a sociedade
A teoria da evolução sempre foi combatida pelos religiosos a permaneceu incólume por quase dois séculos. Resistirá agora às revisões que surgem do próprio mundo cientifico?
Rafael Kenski
As teorias que o naturalista inglês Charles Darwin formulou no século XIX nunca foram tão amplamente difundidas. O termo "darwinista" pode ser encontrado em ciências tão distantes quanto a medicina, a psicologia, a sociologia e a economia. A teoria de Darwin da seleção natural é usada para explicar questões tão diversas quanto a origem do universo, a competição entre as empresas de internet ou o tempero das culinárias de cada região. Apesar do sucesso em diversas áreas, suas ideias têm gerado muita controvérsia no próprio campo para o qual elas foram formuladas, o da evolução.
Os ataques mais agressivos ao darwinismo vêm de grupos religiosos radicais. Em países como a
Turquia, grupos islâmicos ameaçam de morte alguns biólogos evolucionistas e propõem leis para banir das escolas o conceito de seleção natural. Fundamentalismo? Algo parecido acontece nos Estados
Unidos. Em 1999, o Conselho de Educação do Kansas retirou as ideias de Darwin do currículo escolar obrigatório e permitiu que os professores dessem outras explicações para a origem da vida. A decisão, revogada em fevereiro deste ano, foi uma vitória temporária dos adeptos do criacionismo, que acreditam na interferência direta de Deus na origem e na evolução da vida na Terra. Uma das teorias científicas que corroboram o criacionismo é conhecida por "planejamento inteligente" e foi formulada pelo teólogo William Paley em 1802.
Ela considera que existem alguns padrões tão perfeitos na natureza – como o olho ou as reações químicas dentro das células – que só poderiam ser obra de um ser inteligente. O acaso ou uma lei natural que não leve em conta uma intenção superior não poderiam explicá-la.
"O criacionismo é forte apenas em algumas regiões dos Estados Unidos, onde a