ENREDO E ESTRUTURA Em síntese, em O Guarani se contam as dramáticas lutas do fidalgo português D. Antônio de Mariz contra os índios que lhe assediam a casa e terras e contra a revolta dos homens d'arma a seu serviço, estimulados pelo ex-frade italiano, Loredano. Encontra D. Antônio de Mariz leal e dedicado aliado na pessoa do índio Peri, fascinado pela beleza celestial de Cecília, filha de D. Antônio. Peri salva mais de uma vez a vida de Ceci, como a chamava, e, tornado cristão, recebe do fidalgo português a missão de salvar-lhe a filha quando, impossibilitado de resistir por mais tempo à investida numerosa dos selvagens, resolve destruir sua casa para não se render. Paralelamente, narram-se também no livro os amores de Isabel, filha natural de D. Antônio de Mariz, e do jovem fidalgo D. Álvaro de Sá" ("Nossos Clássicos", p. 19). Todos esses fatos são colocados, detalhadamente, nas quatro partes que compõem o livro: Primeira Parte A primeira parte, intitulada "Os Aventureiros", e que consta de quinze capítulos, faz uma descrição do lugar onde se achava a casa de D. Antônio de Mariz, situada às margens do rio Paquequer no interior do Estado do Rio. Está-se em 1604, época em que Portugal esta sob o domínio espanhol. Aliás, é por essa razão que o leal fidalgo português se refugia nesse recanto. Não pretendia prestar vassalagem ao rei da Espanha. "– Aqui sou português! Aqui pode respirar à vontade um coração leal, que nunca desmentiu a fé do juramento" (p. 30) Longe da civilização, nesse recanto semelhante a "um castelo feudal da Idade Média" (p. 31), vivia o leal fidalgo com sua mulher, D. Lauriana; seu filho, D. Diogo; suas filhas Cecília e Isabel (esta última, filha natural – tida como "sobrinha"). Com o desenrolar da narrativa, novas personagens são introduzidas: Álvaro de Sá e Loredano que entram em ação já demonstrando uma rivalidade que sempre os acompanhará. É aqui que aparece o índio Peri às