Inspirada na peça homónima escrita por Raul Brandão, “O Gebo e a Sombra” é a mais recente obra cinematográfica escrita e realizada por Manoel de Oliveira, um cineasta que continua com um vigor surpreendente aos 103 anos de idade. Alicerçado por um desempenho notável por parte de um elenco constituído por nomes como Claudia Cardinale, Michael Lonsdale, Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Ricardo Trêpa e Jeanne Moreau, Manoel de Oliveira transporta-nos para o interior de um drama humano intenso, profundo, por vezes tocante, onde um contabilista de idade avançada procura sustentar a mulher (Cardinale) e a nora (Silveira), enquanto esconde um segredo sobre o passado do filho (Ricardo Trêpa). Drama profundo e intimista, “O Gebo e a Sombra”, coloca-nos perante uma família de gente pobre, que vive com as incertezas de quem não sabe o que o futuro lhe reserva. Doroteia (Claudia Cardinale) aguarda ansiosa pelo regresso do filho idolatrado, enquanto Gebo e Sofia também esperam o regresso de João, ao mesmo tempo que o temem. Subitamente João reaparece e todo o quotidiano destes personagens muda, com este a revelar uma revolta indómita contra o destino, sendo incapaz de reconhecer o valor da sua família. O regresso de João marca uma ruptura no quotidiano desta família, que aos poucos parece partilhar das características da sua habitação e degradar-se a um ponto que resultará em tragédia. Alicerçado nos belíssimos desempenhos do elenco, onde se destaca Michael Lonsdale como Gebo, um indivíduo que procura a todo o custo sustentar a sua família, ao mesmo tempo que tenta manter a sua honra e não ceder ao crime, Claudia Cardinale como Doroteia, uma mulher destruída pela vida que tem uma visão fantasiosa do filho e uma Leonor Silveira com uma candura de cortar o coração, Manoel de Oliveira transporta-nos para um drama familiar intenso, onde as sombras escondem os gritos das almas que partilham uma casa degradada, uma casa pouco iluminada pela luz e pelo destino, na qual Gebo