O Filho Pródigo
“Um homem tinha dois filhos. O filho mais jovem disse ao pai: “Pai dá-me a parte da herança que me cabe. E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois ajuntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa. Quando tinha esbanjado tudo o que possuía, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. E caindo em si disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morrendo de fome! Vou-me embora, procurar o meu pai e dizer-lhe: Pai pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai”. (Lucas 15,1-20)
O filho partiu, para outras terras. Este fato contado por Lucas era para a realidade daquele tempo um acontecimento inaudito, danoso, ofensivo. Era uma contradição aos hábitos mais respeitáveis da época, pedir a herança com o pai ainda vivo é o mesmo que desejar sua morte. O filho recebendo sua parte na herança deixou o seu pai sem o direito do usufruto.
A partida do filho é um ato muito mais grave do que parece a primeira vista. É uma rejeição cruel do lar no qual nasceu e foi criado. Quando Lucas escreve: “partiu para uma região longínqua”, ele se refere a muito mais do que um desejo do jovem de conhecer o mundo. É uma quebra drástica da maneira de viver, pensar e agir daquela época. Pode se dizer que é uma traição aos valores cultuados pela família e pela comunidade. O país distante é o mundo no qual não se respeita o que em casa é considerado sagrado.
Deixar a casa é muito mais do que um acontecimento histórico limitado a tempo e lugar. Trazendo para nossa vida, é negar a realidade espiritual de que pertencemos a Deus, que