O ESTUDO DO HOMEM EM SUA DIVERSIDADE
A distôncia em relação a nossa sociedade nos permite fazer esta descoberta: aquilo que tomávamos por natural em nós mesmos é, de fato, cultural; aquilo que era evidente é infinitamente problemático. Disso decorre a necessidade, na formação antropológica, a perplexidade provocada pelo encontro das culturas que são para nós as mais distantes, e cujo encontro vai levar a urna modificação do olhar que se tinha sobre si mesmo.
O conhecimento (antropológico) da nossa cultura passa inevitavelmente pelo conhecimento das outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma cultura possível entre tantas outras, mas não a única.
O projeto antropológico consiste, portanto, no reconhecimento e no conhecimento, juntamente com a compreensão de uma humanidade plural. Isso supõe ao mesmo tempo a ruptura com a figura da monotonia do duplo, do igual, do idêntico, e com a exclusão num irredutível “alhures”. As sociedades mais diferentes da nossa, que consideramos espontaneamente indiferenciadas, são na realidade tão diferentes entre si quanto o são da nossa.
Somos levados a romper igualmente com o humanismo clássico que também consiste na identificação do sujeito com ele mesmo, e da cultura com a nossa cultura. De fato, a filosofia clássica (antológica com São Tomás, reflexiva com Descartes, criticista com Kant, histórica com Hegel), mesmo sendo filosofia social,
Evidentemente, o europeu não foi o único a interessar-se pelos hábitos e pelas instituições do não-europeu. Isso não impede que a constituição de um saber de vocação cientíãca sobre a alteridade sempre tenha se desenvolvido a partir da cultura europeia. Esta elaborou um orienlalismo, um americanismo, um africanismo, uru oceanismo, enquanto nunca ouvimos