O espelho
Um conto-síntese: "O Espelho"
Em "O Espelho – Esboço de uma Nova Teoria da Alma Humana", classificado por alguns críticos como "conto-teoria", encontramos uma notável síntese da visão de mundo machadiana. Um bom exemplo é a passagem em que a personagem Jacobina expõe a um grupo de cavalheiros sua concepção sobre a natureza da alma:
"Em primeiro lugar, não há uma só alma, há duas... Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro [...]".
Assim, à alma interior corresponderiam todos os nossos sentimentos, emoções e pensamentos mais íntimos e pessoais, a subjetividade enfim; a alma exterior representaria o modo pelo qual interiorizamos a imagem que os outros fazem de nós. Para ilustrar sua concepção, o personagem narra uma história de sua juventude, tratando em essência justamente de um momento em que a alma exterior eclipsou a interior ou, nos termos do conto,
"O alferes eliminou o homem".
Isso acontece pq Jacobina era humilde e conseguiu um posto militar de alferes e passou a ser respeitado por todos., principalmente quando ele usava a farda. Percebos então que, psicologicamente, o homem de farda passou a ter mais importância que seu eu verdadeiro. A farda, na sociedade da época, passou a ser o cartão de visita de Jacobino. É como acontece atualmente, as pessoas valem pelo modo como estão vestidos e pela sua posição social. O conto é tb uma crítica social para a sociedade que valoriza mais o TER do que o