o enfermeiro
Machado de Assis é um dos expoentes do moderno conto brasileiro. Alguns críticos chegam mesmo a afirmar que, de sua produção literária, o primeiro lugar cabe aos contos.
Em “O Enfermeiro”, observa-se o profundo pessimismo quanto ao comportamento humano. A obra de Machado é notória por várias razões e uma delas é o desencanto com que analise o ser humano. A crítica irônica, o meio riso atravessado no canto dos lábios, um certo “dar de ombros” de desprezo e desencanto parecem ser as atitudes do autor diante do comportamento do homem flagrado em situações cotidianas. É como se dissesse: “É assim mesmo!... Não adianta esperar nada melhor dessa espécie desprezível...”
O personagem protagonista é o narrador. Inicia afirmando que está à morte, deixando com isso, no leitor, a crença de que se está diante da confissão de um moribundo, portanto digna de todo o crédito. O ponto de vista, interno, como acontece também em Don Casmurro, deixando, na verdade uma grande dúvida no espírito de quem lê e julga: pode-se confiar em um sujerito que conta a sua própria história? Não estaria ele “forçando a barra” para minimizar sua culpas, se é que há culpas?
O espaço e o tempo são bem definidos. São constantes as referências ao relógio, aos dias da semana, aos meses. O cenário é uma pequena cidade do interior do estado do RJ com leves referências à corte. Tal fixação reflete em desvalor do cenário e da duração da narrativa, em benefício da ação propriamente dita, fulcro principal das narrativas da natureza do conto.
Nesse espaço restrito e nesse tempo limitado, movem-se os protagonistas: Procópio e o Coronel Felisberto. São personagens esféricos