O diabo e a terra de Santa Cruz e os Prazeres da Noite: em busca de um código moral brasileiro
EM BUSCA DE UM CÓDIGO MORAL BRASILEIRO
*Paula Renata Araújo Costa
Usando como referência os textos de Laura de Mello e Souza (O Diabo e a terra de Santa Cruz) e de Margareth Rago (Os prazeres da noite), busco analisar a construção de códigos morais brasileiros formados desde o Brasil colônia até a contemporaneidade. O Diabo e a Terra de Santa Cruz trata-se da religiosidade e feitiçaria popular na época do Brasil colonial, em um contexto cristão, visto como algo pertencente ao demônio que deveria ser ‘limpo’; é um registro das superstições, crenças, medicina alternativa, vista como forma suspeita aos inquisidores. O Brasil foi primeiramente visto como um paraíso na terra pelos primeiros colonizadores, comparando-o ao Éden dos registros bíblicos e, seus nativos, como selvagens, mas ingênuos sobre seus comportamentos (como andar nu), que poderiam ser catequisados e sendo assim, tendo suas almas salvas. Posteriormente o Brasil passa a ser considerado um purgatório, para onde eram enviados os Portugueses que necessitavam redimir os seus pecados, pois a terra de Santa Cruz era para onde iam os exilados de Portugal, ou quem buscava uma vida mais fácil. Além de existir nesse primeiro momento o encontro da religião cristã dos colonizadores com a religiosidade dos nativos há a presença do negro, visto como um ser sem alma, sendo assim escravizado, que, por sua vez, possuíam suas crenças, diversas, visto que os negros trazidos como escravos para o Brasil não eram sempre da mesma localidade. O Brasil colonial trazia traços, em sua religiosidade, do cristianismo (com o catolicismo), dos negros, dos indígenas e dos judaicos, fazendo com que a religiosidade não fosse concreta em uma só, mas mista e diversificada, pois buscavam, por exemplo, simultaneamente os santos católicos e os orixás. Essas práticas estavam ligadas ao cotidiano das pessoas que buscavam explicações para o que ocorriam na vida delas, como