o crminalista

3451 palavras 14 páginas
"O Criminalista", obra de Vinicius Bittencourt, expõe a narrativa de um jovem advogado recém-formado, extasiado pelas ciências criminais, nomeado defensor de Jorge Muniz, exaltado e aplaudido criminalista acusado de ter tirado de sua esposa a vida, sob ao pretexto de dela herdar estimável fortuna.

(...)

“– Tragam o réu. – ordenou o juiz, após sentar-se em sua poltrona.”
O acusado, Jorge Muniz, brasileiro, viúvo e advogado, sentou-se na cadeira que o escrivão lhe indicara, permanecendo em silêncio enquanto aguardava o interrogatório. Revelava completa indiferença para com os súcubos do sensacionalismo que se aglomeravam para vê-lo e ouvi-lo.
O magistrado, abrindo o processo na peça vestibular, iniciou o interrogatório:
“– É verdade o que se alega na denúncia?”
“– A denúncia é verdadeira, em todos os seus termos.” – respondeu o acusado com voz clara e segura.
Murmúrios perplexos percorreram a sala de audiência.
“– Nada mais tenho a declarar. Peço que seja encerrado o interrogatório.”
O juiz, cumprindo sua função, perguntou se o acusado era patrocinado.
“– Não tenho advogado, nem me defenderei.” – foi o que respondeu Jorge Muniz.
Dessa forma, o juiz, no cumprimento de suas atribuições, convidou o advogado recém-formado, Doutor Nilo, para patrocinar o acusado na posição de defensor dativo. Nilo aceitou o encargo.
O Doutor Nilo, após o encerramento do ato e esvaziamento por completo da sala de audiências, se deu conta da gravidade da situação. Estava diante de um caso de grande repercussão e não poderia, ao menos, sustentar a inocência do acusado, uma vez que o mesmo confessara a prática do delito, só restando a ele, como defensor, excogitar circunstâncias atenuantes que lhe minorassem a pena. Entretanto, tudo indicava que não poderia contar com a colaboração do acusado.
“Seja qual for o empenho com que eu me dedique à causa, não conseguirei, por certo, nem absolver o acusado nem convencer ao público de que a sua condenação inevitável emanara de

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