O Conceito de Campo para Bourdieu Rafael Borim de Souza

2669 palavras 11 páginas
O Conceito de Campo para Bourdieu

Rafael Borim-de-Souza

A relevância de Bourdieu (1990, 1992, 1996a, 1996b, 1998, 2004) em diversas discussões inerentes aos escopos temáticos amparados pelas ciências sociais é justificada por suas muitas contribuições e formulações a este meio científico, dentre as quais destaca-se: permitir o desvendamento de mecanismos profundos de poder; a ideia de autonomia relativa dos campos sociais em relação ao campo de poder (ou seja, a não determinação da superestrutura); a ideia de que a história do campo é a que se faz por meio da luta entre os concorrentes no seu interior; a possibilidade de identificar as posições relativas que os agentes ocupam, a partir da visão do campo como espaço de relações de poder, onde pode estar presente a referência aos polos opostos do dominante e do dominado; a possibilidade de estudar as estratégias dos agentes que compõem o campo e nele têm interesses de disputa, mobilizando tipos de capital (recursos de poder) nesta disputa (MISOCZKY,
2003, p.17).

A filosofia de Bourdieu (1996a) é uma filosofia da ação, pois se interessa pelas relações, não unilaterais, mas sim as de mão dupla, estabelecidas entre as estruturas objetivas (também interpretadas como campos) e as estruturas incorporadas (também denominadas de habitus). Esta abordagem filosófica: desconstrói a importância injustificada dada às realidades fenomênicas, pelas quais as relações são manifestadas; descaracteriza o aprisionamento analítico da linguagem tão valorizado pela antropologia e pelo estruturalismo; e, nega a simples interpretação dos agentes (necessariamente ativos e atuantes) como fenômenos decorrentes de uma estrutura (BOURDIEU, 1996b;
WACQUANT, 1992; MISOCZKY, 2003).
A opção de Bourdieu (1996a, 1996b) por não aceitar os indivíduos (ou agentes) como consequências de uma estrutura decorre, também, de seu questionamento à posição
Parsoniana sobre a ação. Parsons (1968) concebe a ação em uma orientação sociológica que aceita a mudança

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