O clube como vontade e representação: o jornalismo esportivo e a formação das torcidas organizadas de futebol do rio de janeiro (1967-1988)
As novas interpretações das Torcidas Jovem sobre práticas
“autênticas” de torcer dissonavam das tradicionais Torcidas
Organizadas afiliadas aos grandes clubes do Rio de Janeiro.
Torcidas como a Charanga, composta por fãs do legendário Clube de Regatas do Flamengo, liderado pelo carismático Jaime de
Carvalho, tinham frequentemente sido o assunto de artigos moralizadores de Mário Filho e outros jornalistas esportivos, moldando práticas de torcer. Hollanda entende essas novas interpretações de práticas de torcer e o crescimento das Torcidas
Jovem nos anos 1960 como um exemplo de contracultura e resistência política que haviam sido negligenciados nos estudos anteriores. Assim, o habitus dos torcedores tornou-se o novo foco das práticas de estádio. Descrições de práticas de torcer e definições sobre o papel das torcidas proporcionavam oportunidades aos torcedores e jornalistas para negociar o significado de cidadania e cultura nacional, buscando articular o universo moral que entendiam por meio de suas experiências.
o autor estende sua análise a um estudo mais focado do Jornal dos Sports (JS), periódico esportivo carioca comprado por Mário Rodrigues Filho em 1936. Ao fazer uma cronologia do início da carreira e da vida pessoal de Mário Filho, Hollanda analisa o que o inspirou a fazer mudanças estilísticas em seu jornal, aumentando assim o número de leitores. O jornalista escrevia artigos passionais a respeito de futebol e ética, disseminando uma visão freyreana de cultura brasileira, à qual era simpático.
Ao convidar o leitor a ver a produção do jornalismo esportivo como um exemplo contemporâneo de drama e tragédia modernos, o autor retrata o universo