O closed
Uma das verdades incontestáveis que existe na relação entre seres humanos de uma mesma sociedade é aquela que diz que a identidade de determinado sujeito não é cem por cento formada por ele, e sim pela maneira como ele é julgado pelas pessoas que o rodeiam. Em outras palavras, ao mesmo tempo que a identidade de alguém é algo pessoal, resultado das escolhas feitas pelo indivíduo ao longo de sua vida, ela também é produzida por interpretações externas, que nascem do modo como o mesmo se relaciona com o mundo ao seu redor. Esta estranha construção da personalidade humana é o foco principal da comédia francesa O closet (Le Placard), que foi, merecidamente, muito aclamada pela mídia.
Na história, François Pignon, o protagonista, é um daqueles cidadãos comuns que parece não ter ambição alguma na vida: um sujeito acomodado, que, apesar de ser divorciado, ainda ama a mulher, por que é esnobado e ignorado, e, como conseqüência de sua falta de atitude, é desprezado pelo filho e pelos colegas de trabalho. Pode-se dizer que François é o legítimo esteriótipo do trabalhador assalariado de classe média. Porém, até então, François parece aceitar sem contestações a sua vida infeliz, até descobrir, por acaso, que está prestes a ser demitido da empresa em que trabalha há vinte anos. Deprimido, ele pensa em se matar, e é quando está prestes a se atirar da sacada de seu apartamento que conhece o seu novo vizinho, o psicólogo Beloni.
Após ouvir a sua triste história, Beloni propõe que François finja ser homossexual para inibir seu chefe de demití-lo, pois a demissão de um gay poderia sugerir que a tal empresa era preconceituosa, acabando, assim com a boa reputação da mesma, já que a empresa em questão fabricava preservativos masculinos e tinha no público gay um grande mercado consumidor. Para por o plano em prática, Beloni enviou anonimamente ao dono da empresa fotomontagens de François em comportamentos sugestivos e esperou que as fotos chegassem e que a notícia se