O choque entre culturas: etnocentrismo e etnografia em duas viagens ao brasil de hans staden.
Fernando Soares de Santana Universidade Federal de Sergipe
RESUMO Desde a chegada dos europeus ao Brasil, cronistas e viajantes vinham narrando fatos e coisas relativas às novas terras, despertando assim a curiosidade não só de outros aventureiros, mais da população européia de um modo geral. Hans Staden não muito diferente de outros viajantes e aventureiros europeus de sua época relata sua experiência nas novas terras e deixa para a posteridade um relato etnográfico dos costumes das sociedades nativas daquele período e de suas localizações geográficas naquela nova terra. Staden com o intuito de dar notícia dos acontecimentos que sucederam com ele, inconscientemente nos deixa um trabalho etnográfico riquíssimo mesmo que com uma visão distorcida das sociedades ao qual ele manteve contato direto. Palavras – chave: cultura, etnocentrismo, etnografia, índios, europeus.
Ao longo dos anos na academia ouvimos repetidas vezes dos nossos mestres e doutores as palavras relativismo cultural, nos remetendo a uma certa “igualdade” entre as culturas e mostrando que aquela visão etnocêntrica pautada no darwinismo social já se encontra de uma certa maneira superada – pelo menos é isso que esperamos. Contudo, sabemos que nem sempre essas idéias em determinados períodos eram partilhadas por todos, entendemos que a partir dos Annales o conceito de cultura e de relativismo cultural se estendeu devido à inserção de outras ciências humanas como a Antropologia, Ciências Sociais e outros conhecimentos, aumentando assim o campo de estudo dos historiadores e dando novos alicerces teóricos para os mesmos:
De fato, os historiadores continuavam convencidos da superioridade radical de nossas civilizações oriundas da Antiguidade greco-romana e do cristianismo, do absurdo que haveria em compará-las com as culturas primitivas. A leitura dos etnólogos, pelo menos, fez esse preconceito vir abaixo.