O caso dos exploradores de caverna
Fuller, L. Lon. O Caso dos Exploradores de Caverna. São Paulo – 2003
O caso dos exploradores de caverna é um verdadeiro banquete aos amantes do Direito, pois traz à mesa de debates as mais gritantes dissimilitudes quanto à interpretação da Lei, permitindo a divagação entre os extremos da absolvição e da condenação.
A história abordada trata de um grupo de cinco espeleólogos q ao adentrarem uma caverna foram surpreendidos por um deslizamento onde pedras obstruíram por completo a saída. Com a total falta de contato, os familiares acionaram as autoridades que deflagraram uma operação de resgate de elevado custo em função da excessiva dificuldade de acesso. Durante a ação de desobstrução, dez trabalhadores acabaram morrendo em função de outro deslizamento. Apesar de todos os esforços, o resgate tornava-se cada vez mais difícil.
Os exploradores carregavam provisões escassas, o que suscitava a idéia de que os mesmos já estivessem mortos em função da desnutrição, mas, no vigésimo dia de prisão na caverna, foi feito o primeiro contato verbal com o grupo, que foi informado que ainda ficariam presos por, no mínimo, mais dez dias. Os espeleólogos falaram então com uma equipe médica e, após descreverem seus estados físicos questionaram se sobreviveriam mais dez dias sem comida, ao que o chefe do comitê médico afirmou que haviam poucas possibilidades. Após um silêncio de oito horas, Whetmore, falando por todos, inclusive por ele mesmo, perguntou se eles teriam condições de sobreviver por mais dez dias consumindo carne do corpo de um deles. O médico, com relutância, respondeu de forma afirmativa. Whetmore perguntou se seria aconselhável tirar a sorte para determinar qual deles seria usado para tal fim, tendo o silêncio como resposta, mesmo questionando se havia um juiz, um oficial do governo, um padre ou um ministro, mas ninguém quis se manifestar. Da liberação dos exploradores, descobriu-se que no vigésimo terceiro dia, após entrarem na caverna,