O campesinato caribenho em Sidney Mintz, A escravidão e a ascensão do campesinato
Dimensões do Campesinato Caribenho em Sidney Mintz
Dentre os tantos temas sobre os quais Sidney Mintz se debruçou, é perceptível uma característica influência na renovação das abordagens no âmbito acadêmico e sua base epistemológica. Do esforço interdisciplinar promovido por Mintz em meados do XX repercute até as décadas atuais uma significativa contribuição na consolidação dos elos entre a análise etnográfica e o labor histórico. Desse modo, torna-se difícil e quiçá infrutífero intuir distinções hierarquizantes entre seus trabalhos teóricos e empíricos – nós os vemos aqui de forma intrínseca. Da mesma maneira, sua importância singular reside tanto na consolidação do debate acerca do Caribe e em outras áreas do Atlântico, como no redirecionamento do olhar antropológico para outras possibilidades interpretativas. No decorrer da carreira acadêmica de Sidney Mintz, o Caribe representou, à primeiro plano, um campo fértil. Sua participação, concomitante à de E. Wolf, no estudo do campesinato caribenho por uma perspectiva marxista da antropologia pode ser também vista como fruto de uma reorientação do âmbito antropológico no pós-guerra. Um certo pioneirismo é atribuído aos autores, através da adoção de um modo distinto de análise antropológica, distanciando-se do viés local stricto senso por uma maior problemática nas relações de poder e suas conexões com pessoas e capital a níveis e fluxos distintos1. A modernização do mundo colonial caribenho, vista através de uma lógica processual aplicada à transformação das forças de trabalho escrava e livre, evidencia certas lacunas na pesquisa acadêmica e reorienta o debate historiográfico e antropológico para áreas tanto quanto nebulosas. A grosso modo, a relação entre escravos recém libertos, senhores de engenho e trabalhadores livres no período de transição para mão de obra assalariada, assim transitivos entre um contexto local e global são a chave para uma renovação. É a esse contexto que vinculamos a