O aquecimeto global
Se o mundo inteiro concorda que é preciso controlar o aquecimento global, por que é que o problema não pára de aumentar?
Por Eduardo Szklarz e Sérgio Gwercman
Então estamos de acordo: com a divulgação do relatório sobre o clima do IPCC, o painel de meteorologistas criado pela ONU, não há mais dúvidas de que o mundo está ficando perigosamente quente, o culpado é o homem e este é um problema seríssimo. Os primeiros alertas sobre o aquecimento surgiram nos anos 70, mas até há pouco tempo falar disso era coisa de ecochato. Agora é fashion, como provou a São Paulo Fashion Week ao escolher como tema a sustentabilidade e mostrar estilistas prometendo plantar árvores. Fica desde já oficializado que, na história do debate ambiental, 2007 foi o ano em que fizemos consenso.
E como foi que de uma hora para outra o planeta concordou sobre a ameaça? Bem, você precisaria ser cego, surdo e turrão para insistir que não havia algo de errado com o clima após uma seqüência de 5 anos batendo recordes históricos de temperatura. Ou depois de assistir ao documentário Uma Verdade Inconveniente. Ou após o furacão Katrina devastar Nova Orleans e o inverno europeu não ver a cor da neve. Ou escutando líderes políticos e empresariais reunidos em Davos, na Suíça, concordar que a mudança climática é o tema mais importante do mundo. Ou ao saber que George W. Bush (pasmem e aleluia!) se comprometeu pela primeira vez a limitar o consumo de combustíveis fósseis. Ou ao ler o relatório do IPCC afirmando que os efeitos do aquecimento são irreversíveis nos próximos 100 anos.
Lindo. Constatar que o mundo chegou a um acordo é ótima notícia - para resolver um problema, o primeiro passo é admiti-lo. O diabo é que essa também é a parte mais fácil. Na hora de arregaçar as mangas, o buraco é mais embaixo. As emissões de carbono seguem crescendo ano a ano. E, se as propostas contra o aquecimento existem, suas aplicações exigem sacrifício. Em última instância, passam pelo modo