Estava parado no ponto de ônibus na tentativa de que o cavalheirismo de um senhor de idade – o qual dirige voltando para minha cidade – apontasse na esquina com seu veículo. A chuva era forte e o céu era cenário de fogos de artifício de uma única cor. Avistei o esboço de um ser lutando contra o vento para manter seu guarda-chuva aberto, quando uma rajada o leva deixando-o descoberto e vulnerável às lágrimas que o céu chorava naquele dia. Eu como uma pessoa prestativa – ou pelo menos queria ser naquele momento – ofereci a ele abrigo sob o meu guarda-chuva enquanto aguardávamos. Eu me sentia confortável naquele momento, o frio já não era incômodo ao lado de tal robusto ser. Minha fragilidade era notável diante de tanta força que ele transmitia. Abri meus lábios para lhe sussurrar algo, qualquer coisa que deixaria aquele momento menos constrangedor, quando o desejado motorista – neste momento importuno – para o ônibus para que eu entre e prossiga minha viagem. Quando dei o primeiro passo para subir a escadaria, me volto para trás e percebo que aquele não era o mesmo por qual ele esperava e vejo portas se fecharem entre nós. Corri até a janela e em um rápido momento de coragem consigo gritar algo como “seu número, por favor?”, e vi aqueles lábios – que era a minha vontade saciar naquele momento – murmurar números, quando um raio estrala no céu. Seria um seis ou sete, eu não conseguia entender, e percebi a sua imagem retroceder junto à paisagem. Ignorei o céu e quem chorava agora era o meu coração. Talvez eu o encontrasse algum dia, talvez não fosse dar certo, talvez... Eu imaginava nas possibilidades, mas não conseguiria esquecer o mel de seus olhos, o castanho de seu cabelo, a barba por fazer e a leve cicatriz que ele tinha perto do queixo. Se ele pudesse ler estas palavras, saberia que eu rezei por me apaixonar novamente algum dia como me