Elementos da linguagem televisiva e audiovisual percebidos no filme " Corra Lola Corra"
O filme “Corra Lola, Corra” pode ser considerado uma daquelas produções cinematográficas onde cada elemento tem função estrutural fundamental. Antes dos créditos iniciais, surge na tela uma carranca que logo identificamos como um pêndulo de relógio. Segue-se uma figura de um relógio monstruoso que nos surpreende. Dessa forma o diretor apresenta o personagem principal da trama: o tempo. Na história, a protagonista tem exatos 20 minutos para arranjar dinheiro e salvar a vida do namorado. O interessante é que no filme esses minutos se repetem 3 vezes, em suposto tempo real, com 3 variações possíveis. Num ritmo de videogame, misturando cinema, vídeo e animação, Lola corre. Corre pelas ruas, pela calçada, prédios, enfrentando diversas situações, desviando dos obstáculos. Não é Lola apenas que corre de lá para cá. A câmera adota esse ritmo. Tudo acontece no ritmo e velocidade da correria de Lola, embalada por um bg tecno e com o predomínio de uma estética clipe. Mistura filmagem tradicional, em película, com vídeo, usa e abusa dos cortes rápidos e angulações pouco convencionais, fotografia e animação , tudo em função da louca e desesperada correria vivida por Lola.É tudo extremamente bem encaixado.
O autor / diretor do filme usa uma referência fundamental nessa produção: a repetição. Temos uma estrutura formal onde a mesma situação é repetida 3 vezes, como já foi dito antes, até que a protagonista consiga alcançar o seu objetivo, há a necessidade de se atentar a certos detalhes entre uma história e outra, pois elas se completam , e vale citar que as 3 histórias não são idênticas, apenas muito parecidas, mas com acontecimentos variados (também parecidos) e finais diferentes, justamente para concluir o pensamento do ‘e se eu tivesse feito isso, e não aquilo?’.
A câmera descreve um movimento circular em torno da personagem e vão aparecendo “resultados parciais” em sua mente até que o movimento giratório vai perdendo