E O TEMPO LEVOU EMBORA AS CHAMAS DESTE AMOR
AMOR"
Por entre as profundezas de um infinito inalcançável nascera, como o inusitado despertar de um vulcão, um amor longânime, um tesouro encarcerado desde os primórdios da humanidade. Um céu airoso e sem tempestades havia testemunhado aquele surdir inesperado, aquele levantar à tona que não escapava ao surreal, ao inimaginável.
Céus rasgaram-se em prantos e horizontes lançaram aos ares o gigante suspiro da esperança, pois, mais tarde ou mais cedo, esse tesouro iria curvar-se ao poder da logomania e juntar-se aos ventos que percorriam toda a terra, a fim de perambular sobre as endechas do vazio e quebrar-se defronte para o mar, irradiando pelo tal feito a sobeja paixão que coabitasse sobre si junto com as mais dóceis branduras, para sugar o ar fétido do passado longínquo e soltar as auras instigadoras do futuro distante daqueles que esmoreciam-se sobremaneira nas horas mais tardias do entardecer.
Era uma manhã embriagada de ardor, em
Angola, e as alturas lacrimejavam, trazendo às redondezas do planeta terra gotículas de orvalho que embebiam os tons mais verdejantes daquelas bandas; a natureza proliferava indícios de que alvoreceria um dia taciturno. O maior sonho do tesouro era repaginar a história dos tais solos que tanto sofriam; ab-rogar a tamanha dureza que por lá sobrevoava e trazer às narinas o cheiro da leveza ao longe, nos ímpetos mais vulcânicos em que a cólera tentasse mostrar-se valer; conquistar o coração daqueles que residiam em humildes lugarejos; adentrar ao psiquismo dos forasteiros e fazer lampejar a trilha que dá para o raiar do sol; conquistar artérias, mares desconhecidos, e afins…
Meses cozinhavam anos, e anos fermentavam décadas. E nada, nenhum sinal. O tesouro começava a enfraquecer com o tempo ingrato, mas, num instante de pureza e reflexão indescritíveis, o mesmo sentiu-se motivado a parafrasear as derradeiras palavras que insistiam pairar ao seu redor,