A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo
Para início de conversa é interessante notar o título, pois dá para se imaginar qual é a pretensão do autor cuja consistência está na relação entre o capitalismo e a reforma protestante. É neste sentido que Weber começa a sua obra e é a sua grande preocupação: se há realmente um fator cultural que contribuiu para o desenvolvimento do sistema econômico vigente até os dias atuais. Weber começa pelo ponto fundamental: o distinto comportamento entre católicos e protestantes. E ainda ressalva que a reforma significou uma substituição de uma dominação cômoda por uma incômoda em relação à conduta. Mesmo com este incômodo o protestantismo se desenvolveu nos países mais fortes, economicamente falando, pois entre os protestantes se desenvolveu uma predisposição maior, culturalmente falando. Para efeito de sustentação as palavras da obra possuem força maior.
“‘o católico (...) é mais sossegado; dotado de menor impulso aquisitivo, prefere um traçado de vida o mais possível seguro, mesmo que em rendimento menores, a uma vida arriscada e agitada que eventualmente lhe trouxesse honras e riquezas. Diz por gracejo a voz do povo: bem comer ou bem dormir, há que escolher. No presente caso, o protestante prefere comer bem, enquanto o católico quer dormir sossegado’.” (WEBER 2004: 34).
À vista disso, nota-se a predisposição do comportamento do protestante a uma busca por novos meios para melhor viver, ao contrário do católico que está numa situação de comodismo, na qual está satisfeito, não há algo novo para buscar ou ser mudado. Entretanto, quando se trata de capitalismo estamos entrando num vago terreno que precisa, para compreensão eficaz, de um alicerce para que se possa construir algo. Deste modo, o autor toma um singular cuidado: que a definição do conceito “capitalismo”, dentro da obra, é fruto de uma interpretação e, por isso, sujeita a equívocos, isto é, um alicerce não tão sólido, porém de fundamental