A ética de friedrich nietzsche
Ramiro Marques
A Vida
Embora Nietzsche não tenha dedicado obras à educação, é possível vislumbrar uma teoria da educação em alguns dos seus escritos. O grande filósofo alemão começou como professor universitário e acabou como um intelectual solitário, deambulando por Génova, Marienbade, Turim e Nice, ao contrário de alguns dos seus herdeiros, de que Michel Foucault é um bom exemplo, que começaram como intelectuais solitários e acabaram as suas vidas como professores universitários, professores de professores, carregados de prestígio institucional e académico e ladeados de um enorme corte de admiradores, seguidores e servidores. O abandono da carreira universitária exemplifica bem a ideia que Nietzsche tinha da impossibilidade e da inutilidade de ensinar as grandes massas, pois "a instrução pública nos grandes Estados será sempre, quando muito mediana, pelas mesmas razões por que nas cozinhas grandes se cozinha, no melhor dos casos, sofrivelmente" (1).
Depois de ter feito os seus estudos de Filologia Clássica, na Universidade de Bona e na Universidade de Leipzig, Nietzsche é nomeado, em 1870, professor de Filologia Clássica na Universidade de Basileia, onde permaneceu apenas oito anos, após o que trocou uma promissora e segura carreira de professor universitário por uma vida solitária, dedicada à escrita, pontilhada por frequentes e prolongadas estadas em diversas cidades da Suiça, do Norte da Itália e do Sul de França. Os últimos dez anos da sua vida foram passados, no isolamento, em Naumburg e Weimer, entregue aos cuidados da sua irmã.
Embora Nietzsche tenha, no início da sua carreira, escrito obras académicas, isto é, que se destinavam a ser avaliadas por um público de académicos profissionais, nomeadamente ensaio O Nascimento da Tragédia ou Mundo Grego e Pessimismo (publicado, pela primeira vez, em 1872, depois de uma atribulada peregrinação por vários editores e pequenas edições de autor de partes do texto),