A vitoria da burguesia
Em nossos artigos intitulados “A decadência da classe trabalhadora” utilizamos deliberadamente a expressão “burguesia” em oposição à classe trabalhadora, que concluímos, está irremediavelmente condenada a extinção.
Ao longo daqueles artigos, nosso foco era o mundo do trabalho e o fato inquestionável de que o “modo de vida” baseado no trabalho assalariado, está se tornando inviável devido ás novas tecnologias de informação e telecomunicações. Mas o termo é um tanto imperfeito.
Ao definirmos o conceito de classes sociais, admitimos que, genericamente, as sociedades se organizavam em grupos específicos: os sacerdotes, os guerreiros, os comerciantes e os operários. Também afirmamos que aquela, cuja tarefa era o comércio e as transações financeiras, era de longe, a classe menos privilegiada e com menor prestigio dentro das sociedades antigas.
Agora vamos nos ater a evolução da própria classe dos “comerciantes”, “mercadores” ou “burgueses”, para manter uma terminologia mais do que consagrada pelo uso. Nosso objetivo será determinar a razão pela qual essa classe, e não o “proletariado”, é que foi e é de fato revolucionária.
O moderno “homem de negócios” é a metamorfose contemporânea do antigo mercador. Ao contrário do sacerdote e seus rituais, do guerreiro e suas ações heróicas, do camponês e sua terra ou do artesão e sua habilidade, o mercador só possuía de fato uma qualidade: Uma percepção muito mais aguda da realidade. Percepção adquirida pelo convívio com o mercado, o espaço por excelência da racionalidade e da objetividade.
Assim, seu “modo de vida” se baseava tão somente no conhecimento das necessidades das comunidades, e de como obter os produtos e serviços para atende-las. Por esse trabalho, ele cobrava uma quantia que dependia muito