A Vida Dos Outros
“A vida dos Outros” (crítica ao modelo do socialismo real, vivenciado na República Democrática Alemã – Alemanha Oriental), tem como pano de fundo a Alemanha Oriental, ano de 1984. A história se desenvolve em torno de três personagens principais, Christa-Maria Sieland, atriz de teatro, George Dreyman, escritor da Alemanha Oriental, até então tido como insuspeito e Gerd Wiesler, agente da Stasi (polícia política da RDA).
A Stasi conta com aproximadamente 100 mil membros efetivos, bem como cerca de 200 mil informantes e com esse aparato consegue monitorar a vida da população, bem como punir os indivíduos que “transgridam” as normas ou que “coloquem em risco” o socialismo.
Dreyman passa a ser monitorado por Wiesler, que o vê como inimigo em potencial e, no transcurso do filme, se envolve emocionalmente com o caso, se transformando de um agente modelo em indivíduo caído em desgraça (termina seus dias rebaixado de cargo, “abrindo cartas no vapor”). A transformação de Wiesler demonstra que Dreyman está correto na temática de fundo de seus trabalhos teatrais, uma vez que demonstra que o ser humano pode se transformar em decorrência de suas experiências. Tanto que Wiesler se humaniza no transcurso do enredo, se envolvendo na história de Dreyman e Christa, atuando diretamente no rumo que a mesma toma.
É possível estabelecer um paralelo, entre “A vida dos Outros” e “Corações e Mentes”, bem como na obra “1984” e “Admirável Mundo Novo”.
George Orwell (pseudônimo de Eric Arthur Blair) escreveu o livro “1984”, referência a uma sociedade extremamente monitorada, onde até mesmo o pensamento individual era rastreado. A obra cunha a expressão Big Brother, que, em suma, é a personificação do poder de controle estatal em face do indivíduo, apesar de hoje representar, no senso comum, algo bem mais prosaico e de gosto no mínimo duvidoso, mas emblemático. Orwell também faz críticas ao modelo socialista na