Confiança Cada personagem do filme possui um perfil e um posicionamento na história que o torna digno ou não da confiança do público. A receptividade do auditório depende da imagem que ele tem daqueles que proferem os discursos. David Gale, por exemplo, conta com a autoridade de saber exatamente o que ele fez no momento da morte de Constance. Mais do que isso, ele é a única testemunha de si próprio (pelo menos é assim que o público o encara até o final do filme). Esteja o professor mentindo ou não, o auditório o respeita como único detentor da verdade, ou seja, pode ser que o discurso dele não seja aceito, mas a sua posição de testemunha exclusiva (de si mesmo) lhe coloca em posição de autoridade privilegiada. Este lugar lhe é conferido também por seu histórico bastante favorável. David Gale é ex-aluno de Harvard – o melhor estudante de sua turma – e tornou-se professor associado aos 27 anos. A aura de competência que envolve o protagonista também serve para corroborar a sua versão da história. A personagem Bitsey também desfruta dessa “autoridade-confiança”, por meio da imagem de competência que a envolve. Embora a repórter não tenha testemunhado a morte de Constance, o público estabelece uma relação de confiança com ela baseada, sobretudo, na sua suposta neutralidade e no seu compromisso com a verdade. Aliás, é exatamente por essas qualidades e por seu histórico de credibilidade e de apego a seus princípios (ao não entregar suas fontes e permancer assim sete dias presa) que Bitsey foi a repórter escolhida para a única entrevista concedida por David Gale. Pode-se dizer, inclusive, que o fato de Bitsey não ter testemunhado a morte de Constance a aproxima do público, porque este está na mesma situação de dúvida, de incógnita que ela, diferentemente de David Gale, do caubói e do advogado que sabem mais sobre “o crime”. É interessante notar que, embora o auditório pressinta que Dusty e o defensor têm mais informações do que revelam, ele não os respeita