A Ultima Resposta
ISAAC ASIMOV
SONHOS DE ROBÔ
M
urray Templeton tinha 45 anos de idade; estava na plenitude de sua vida e com todas as partes do seu corpo funcionando com perfeição... exceto alguns trechos vitais de suas artérias coronárias.
Isso no entanto, foi o suficiente. A dor veio repentinamente, chegou a um ponto insuportável e, aos poucos, foi diminuindo. Ele podia sentir a respiração parando. Uma deliciosa sensação de paz o inundou.
Não há nada mais agradável do que a ausência de dor - imediatamente depois da dor. Ele sentiu uma alegria vertiginosa, como se tivesse levitado e estivesse pairando no ar.
Abriu os olhos e percebeu, com uma discreta alegria, que os outros ainda estavam agitados. Estava no laboratório quando a dor o abateu sem nenhum aviso; ao cambalear ouviu os outros gritando surpresos.
Depois tudo deu lugar a uma agonia avassaladora.
Agora que a dor tinha passado os outros ainda estavam inquietos, ansiosos e reunidos em torno do seu corpo caído...
Repentinamente, ele percebeu que estava olhando a cena, lá do alto. Seu corpo estava lá embaixo, estirado no chão, com o rosto contorcido. Ele estava aqui em cima, observando em paz.
Pensou: milagre dos milagres! As besteiras sobre a vida eterna estavam certas.
Apesar de ser uma maneira humilhante para um físico ateu morrer, ele apenas sentiu uma agradável surpresa, não houve nenhuma alteração na sensação de paz em que tinha mergulhado.
Ele pensou: devia haver algum anjo - ou uma coisa no gênero - vindo me receber.
A cena terrestre estava se desvanecendo. Sua consciência foi invadida pela escuridão e de um ponto distante, como um último relance de visão, apareceu uma figura iluminada, com forma vagamente humana, irradiando calor.
Murray pensou: estão brincando comigo. Estou indo para o céu.
Assim que ele pensou nisso, a luz se apagou, mas o calor continuou. A sensação de paz não diminuiu, apesar de, em todo o Universo, restarem apenas ele... e a Voz.
- Faço isso com