a transfer ncia e o discurso do analista
A psicanálise configura um tipo de laço social absolutamente particular, eminentemente linguageiro.
Cada modalidade de laço social se vale de um discurso específico. Lacan distinguiu quatro modalidades, as quais buscou formalizar em quatro discursos diferentes: o discurso do mestre, o discurso histérico, o discurso universitário e o discurso do analista. É o discurso do analista, e não outro que interessa para o cumprimento do trabalho na transferência. e não outro, o que interessa para o cumprimento do trabalho na transferência. Falar talvez seja um processo muito complexo, que envolve tantas dificuldades. Quem fala atesta, em certa medida, uma perda de gozo, o qual obviamente o sujeito tenta resgatar como pode, pelo próprio discurso. O gozo está, portanto, limitado por processos naturais que, se são naturais, nada se pode saber deles — como nada se pode delinear quanto ao gozo de um peixe por estar na água. Não havendo esse traço significante, não há meios de reconhecimento, anula-se qualquer distância entre o corpo e o gozo, o que torna esse gozo meramente corporal, certamente em ação, mas inapreensível para aquele que fala.
Todo discurso parte de um agente, que, motivado por sua relação com uma verdade que lhe é latente, dirige-se ao Outro e visa que alguma produção advenha daí. As setas indicam os vetores de movimento circular da produção dos discursos — laços atirados para se capturar com o saber a verdade, que insiste em se manter enigmática e jaz sob a barra. O símbolo ∆ entre Verdade e Produção pretende mostrar a fenda que existe entre o que se pode produzir com o discurso e o que se pode apreender como verdade.
Para que esse discurso se ponha em marcha, o analista se empresta como objeto. Mas não como um objeto qualquer, e sim como o que falta. Através da transferência, ele se faz semblante do objeto que é causa de desejo para o sujeito. Ou seja, quando convocado pela transferência, presta-se a