A trajetória de rachel de Queiroz pela imprensa brasileira
Laile Ribeiro de Abreu
Rita de Queluz. É com este pseudônimo que Rachel de Queiroz, em 1927, inicia sua atividade de escritora renomada para o Jornal O Ceará. O primeiro texto publicado no referido jornal foi uma carta em que questionou com tom irônico a utilidade do Concurso Rainha dos Estudantes, promovido pelo jornal. A carta teve tanta repercussão que o diretor, Sr. Júlio Ibiapina, convidou a jovem escritora a ser colaboradora assídua do jornal, na coluna “Jazz-band”. Por ironia, em 1930, a própria Rachel foi eleita Rainha dos Estudantes pelo mesmo concurso. O texto tão comentado, transcrevo-o a seguir:
Minha graciosa Majestade:
Quero primeiro dar-lhe os parabéns calorosos pelo triunfo que sua bela inteligência de mulher culta alcançou sobre a dolorosa mediocridade de nossas melindrosas.
Nada mais justo que o ato das classes estudiosas do Ceará, elegendo-a. Mas agora vai ter sobre a fronte o diadema real, pergunto-me se são de fato os parabéns que lhe devo dar.
Não os acha mal cabidos, dada a atual desvalorização do sangue azul?
E já pensou quantos inconvenientes acarretam atualmente o cetro e a coroa?
Porque isso de ser rei, exige etiqueta, séquitos, uma infinidade de trapalhadas em que a nossa encantadora Rainha, que ainda está na embriaguez do primeiro triunfo, nem sequer imagina.
E a não ser assim com todo esse aparato majestoso, não é admissível a realeza. Senão, vejamos o exemplo:
- Quem é essa senhorinha que está a meu lado?
- É sua majestade, a Rainha Suzana.
Avalie a minha decepção! Eu, que na minha ingenuidade de tabaroa só compreendia rei à antiga, de carruagem, manto e coroa de ouro, não posso conceber essa rainha “made às pressas”, que anda comigo no bonde, que não conduz pagens nem batedores, que não usa coroa nem manto e que, como todos nós, pobres mortais, paga modestamente o seu tosto.
É por isso que avento a ideia de lhe mudarem o título; e em vez de ser chamada