A sátira nas obras de Lima Barreto
Lima Barreto (Afonso Henriques de Lima Barreto) nasceu em 1881 no Rio de Janeiro, e foi um dos maiores jornalistas e escritores críticos de sua época. Seu pai era monarquista, e talvez algumas boas lembranças do fim do período imperial no Brasil, bem como as lembranças da Abolição da Escravatura na sua infância tenham vindo a exercer influência sobre a visão crítica de Lima Barreto sobre o regime republicano.
Suas crônicas e contos sempre tinham como plano de fundo o regime da República Velha, cheia de desigualdades sociais. De um lado estava a população pobre e oprimida dos subúrbios das cidades, e negros que ainda sofriam preconceitos e, de outro, políticos cheios de poder, mas incompetentes, uma burguesia medíocre e militares opressores.
A república velha foi a primeira forma de república no Brasil. Nesse período foram implantadas diversas mudanças políticas, como a criação da primeira constituição brasileira e a separação dos três poderes. Predominava a política do café com leite, e o exército exercia forte influência sobre o governo.
Lima Barreto era opositor militante da República. Crítico da corrupção, dos presidentes republicanos, da intervenção dos militares na política, de formas de governo autoritárias e ultracentralizadas e militarizadas, de todo e qualquer tipo de violência na sociedade, das ideologias intolerantes.
Nos contos de Lima Barreto podemos perceber os traços recorrentes de sua obra ficcional: marcas da religiosidade, descrições emocionadas dos subúrbios cariocas e das periferias urbanas, a divisão de classes, a exclusão social, os pobres e os enjeitados. A obra literária de Lima Barreto carrega recursos especiais que dá a sátira elementos fundamentais para a destruição de personagens cujo tais imagens são constituídas a partir de figurões respeitados pelo povo. Sendo assim, esses tipos são doutores, funcionários públicos (convocados por confiança e ligação de amizades em níveis de afeto),