A SUSPENSÃO DA TOXICOMANIA NO PARADOXO DO GOZO
Maria Inês Lodi
rago pressupostos éticos que têm constituído nosso trabalho numa instituição pública, o Centro Mineiro de Toxicomania, que faz parte da rede de hospitais estatais de Minas Gerais (FHEMIG - Fundação Hospitalar de MG),
Expus algumas das idéias deste texto em recente conferência na Universidade
Federal de Minas Gerais e no Seminário de Formação Permanente do Simpósio.
Os ideais da cultura, com o que têm de sublime, são nosso ponto de partida. É Freud quem vai esmiuçá-los, os ideais da moral e da felicidade, para, perplexo, vir falar de um mal-estar pertinente à cultura.
E de fato, é dentro dos anseios de liberdade que nasce uma significação hodierna para as drogas, quando se propõe arrojar para um mundo novo e se conclama à coragem. Para isso é preciso uma ultrapassagem, ir além do limite. Mas como o mais sublime se confunde com o mais chulo, inevitavelmente isso comporta a culpa e a necessidade depunição. É uma certa crueldade da ética, vai dizer Lacan.
Tentamos desde muito cedo desembaraçar-nos das interdições, tento que na própria cultura há sempre um incentivo-contraditório -aonarcisismo: "Do ityourselfl (Faça você mesmo) ou "Conhece-te a ti mesmo!" (do grego "GnothiSeauton").
Isso faz parte das ilusões, enquanto a história de uma ilusão gira em tomo da união mística, como se fosse possível transcender, sublimar e recuperar a parte interditada, o pedacinho perdido.
Para chegar à ilusão, o Homem é impulsionado pelo impossível de dizer, até esbarrar nos limites.
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"O que é característico das ilusões é o fato de derivarem de desejos do Homem ". (1)
A transgressão é, pois, um ato que diz respeito ao gozo e ao desejo.
Na economia psíquica, é o correlato de uma organização artificial do significante que fixa as direções de uma ascese. Ora, nem sempre o objetivo é a regulação do princípio do prazer com a realidade. Essa organização pode se fazer para que o âmbito
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